Escrita quente ou eu já não sei mais o que fazer
- Caique Copque
- 26 de mar.
- 1 min de leitura
Penso o tempo todo sobre os “e se…” da vida. Ao menos, da minha.
E se eu tivesse ido embora naquela hora em que senti que não cabia ali?
E se eu tivesse ficado encarando aquele rapaz que por alguma razão sorriu pra mim?
E se eu tivesse dito todas as palavras duras que eu desejei dizer naquele momento de ira?
O que poderia ter acontecido ou como eu estaria agora? Estaria escrevendo sobre os remorsos ou celebrando as certezas de que tudo haveria de ter sido como exatamente já é?
Nunca saberemos. Talvez, no juízo final, além da humilhação que dizem que haverá de ter, espero que no telão da vergonha, passe também as possibilidades do que não foi. O lado b desse disco empenado que tem sido as coisas. Espero também que mostre todo prazer. Toda dor… Os pecados não podem ser acompanhados somente da luxúria, da avareza… Tem que ter o medo, o temor, a ansiedade, a tristeza profunda, a vergonha que nos causam e também as que causei. Não sou santo… Nunca quis ser. Mas, e se eu tivesse tido a chance de ser? Ou eu tive e não soube saber que ali, exatamente ali, era a única oportunidade de virar do avesso esse disco riscado e deixar tocar só as canções bonitas que a vida escreveu?
Não saberemos… Jamais! Quem sabe, no juízo, além das imagens, toque também as canções que ouvi por curiosidade e as que ouvi conscientemente sabendo que mais cedo ou mais tarde, iria chorar um pouquinho que fosse, pelas possibilidades das coisas que não pude viver.
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