Homens e Meninos
- Caique Copque
- 26 de mar.
- 1 min de leitura
Cresci tendo em casa um espelho de reflexo fosco
Um emoldurado comprido que brilhava a luz do sol, em rua
Cresci vendo uma sombra refletir, não dançava, mas queria, não sorria, mas chorava.
Nessa casa, vi entrar muita gente, vi muito o espelho brilhar com outras luzes
Vi o espelho brilhar com as visitas. Vi e ouvia o espelho falar manso, cantar e gargalhar.
Nessa casa vi o espelho reluzir em paciência, reluzir em bondade, reluzir em simpatia...
...Para as visitas.
Nessa casa, fora dela, passando por outras e outras, vi que é fácil enganar, reluzir forte a ponto de cegar, vi pintura de moldura descascar, vi o que sempre foi fácil enxergar.
Quando menino, jurei não refletir assim, jurei não juntar moldura e vidro, jurei preservar a qualidade do meu metal. O espelho que tive em casa, refletiu pouco pra mim.
Ainda menino, crescer sem ter onde se ver, faz o olhar mirar pra dentro.
Dentro de casa, tanto fora, o olho, o reflexo, os vidros e os brilhos tomam outras e distintas formas.
Crescer homem sendo menino, vendo crianças em casa e em mim.
Me torno um espelho fosco, brilho pouco no sol e em casa
Reflito quieto, pra dentro, interno, externo, e meu metal se escureceu rápido demais.
Conheci tantos outros homens meninos, que refletem muito, que ressoam muito e confundem a luz do exibir com a do cegar. Muitas molduras bonitas, muitas paredes lisas e somente um prego fino pra se segurar.
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