top of page

Quando vi nascer o vazio

  • Foto do escritor: Caique Copque
    Caique Copque
  • 13 de mar. de 2023
  • 1 min de leitura

Quando Gal se foi, chorei por sua morte. Mas algo mais naquele dia morria também.

Um amor acabava de cair do telhado da nossa casa. Ele dizia assim: "Pra mim é isso, siga a sua vida!".

Quando Gal se foi, um dia antes, sonhei com o seu orixá e chegava a dizer deitado na cama antes de cair no sono, que ele não permitiria que ela se fosse. Por razões que só competem aos dois, ela se foi.

Nesse dia, lembro de sonhar com ela, com o amor e a casa bonita que tanto queria morar.

Mas quando soube da morte de Gal, soube e lembrei que poderia chorar por outro motivo que não fosse o amor de quem se ama, mas o amor de quem não se conhece e ama igualmente e ferozmente. Ali, chorei pelas duas despedidas do dia: De Gal por viajar ao novo e sempre ao inesperado novo, e por mim por ver do telhado de casa, o amor cair de novo no chão. Duro, como acordar assustado. Duro, como acordar de um sonho que sabemos que não cabe só a nós realizá-lo.

Quando Gal se foi, o meu amor foi junto, me disse que iria e demorou a voltar.

Quando Gal se foi, levou um mundo, um sonho e tudo que me era particular.

Quando Gal se foi, nasceu um vazio, um silêncio triste embalado por uma força estranha de chorar baixinho pela queda dos meus dois amores. O amor de quem se ama, e o amor de quem amei sem nunca poder conhecer.


-13/03/2023, Caique Copque.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Homens e Meninos

Cresci tendo em casa um espelho de reflexo fosco Um emoldurado comprido que brilhava a luz do sol, em rua Cresci vendo uma sombra...

 
 
 
Onomatopeia do suspiro

(Queria tanto falar que deitei na cama pra descansar, mas, sentia um vazio, um aperto, uma vontade de chorar, de falar da vida, de falar...

 
 
 

Comments


  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube

©2021 by Caique Copque. Proudly created with Wix.com

bottom of page